O Antídoto contra a ilusão da auto ajuda
Livros de autoajuda são mapas de um território que não existe. Com promessas de atalhos e fórmulas prontas, tentam transformar a existência em um manual de instruções. Por quê isso é uma ilusão e como escapar disso?
ESQUIZOANÁLISEAUTO AJUDA
Livros de autoajuda são mapas de um território que não existe.
Com promessas de atalhos e fórmulas prontas, tentam transformar a existência em um manual de instruções.
Mas a vida, sabemos, não se dobra tão facilmente a estruturas rígidas.
Não há um caminho universal para o amor, para o sucesso, para a paz interior.
O que há são caminhos singulares, tortuosos, imprevisíveis.
E é por isso que a ficção se revela infinitamente mais valiosa: ela não promete respostas fáceis, mas ensina a viver com as perguntas.
Diferente da autoajuda, que parte da ilusão de que o sujeito está sozinho diante de seus desafios, a ficção nos lembra, página após página, que somos atravessados pelo outro.
Nos personagens e suas histórias, vemos nossos próprios dilemas refletidos em espelhos fragmentados.
Uma mulher negra que luta por reconhecimento em uma sociedade que a desumaniza, um homem que se dobra sob o peso de expectativas que não escolheu, uma criança que aprende a sonhar apesar da violência do mundo….
Na ficção, a vida se apresenta com toda sua potência e contradição.
Ao invés de fórmulas, encontramos caminhos possíveis, vivências que ressoam, que perturbam, que transformam.
Se a autoajuda busca converter o sujeito em uma ilha, um projeto de produtividade e controle, a ficção o devolve ao mar imenso das relações humanas.
Nos lembra que não há saída individual para problemas coletivos, que nossas dores e alegrias são tecidas na trama invisível das histórias que nos atravessam. E, acima de tudo, que a experiência humana não se resolve, se vive.
Ou se preferirmos, como já bem nos disse Ailton Krenak: a vida não é útil!
Trocar um livro de autoajuda por um bom romance ou um conto bem escrito é um gesto de insubmissão.
É recusar o conforto vazio de respostas prontas e se lançar no desconhecido das narrativas.
É aceitar que viver não é aprender um método, mas aprender a escutar as múltiplas vozes que nos formam.
Afinal, a vida não é um manual, é um romance inacabado, uma eterna descoberta, uma perpétua invenção.